segunda-feira, 31 de maio de 2010

ONU condena “comportamento ilegal e assassino” de Israel

Secretário-Geral Ban Ki-moon

Secretário-Geral Ban Ki-moon

O Secretário-Geral Ban Ki-moon expressou hoje (31) seu choque com o ataque mortal feito por Israel a barcos carregados com suprimentos de emergência que se dirigiam a Gaza, e pediu a Israel que explicasse integralmente suas ações.

Segundo a imprensa, esta manhã, em águas internacionais, as forças israelenses atacaram de surpresa o comboio de seis navios contendo ajuda humanitária, que também transportava centenas de ativistas, com mais de dez pessoas sendo mortas.

“Condeno este tipo de violência”, declarou Ban Ki-moon em Kampala, Uganda, onde presidiu a Primeira Conferência de Revisão do Tribunal Penal Internacional (ICC). “É vital que haja uma investigação completa para determinar exatamente como ocorreu este derramamento de sangue. Acredito que Israel deve fornecer urgentemente uma explicação completa”. O Conselho de Segurança se reunirá esta tarde para discutir o incidente. Ban Ki-moon afirmou que a Liga dos Estados Árabes também poderá realizar uma sessão emergencial sobre o assunto.

Na semana passada, o escritório do Porta-Voz do Secretário-Geral instou veementemente que “todos os envolvidos ajam com um senso de cautela e responsabilidade e trabalhem para uma solução satisfatória” sobre a questão do comboio de ajuda.

As Nações Unidas tem repetidamente se manifestado contra o bloqueio de Gaza e sobre sua preocupação sobre o fluxo insuficiente de material para a área para atender as necessidades básicas e estimular a reconstrução. Ban advertiu em um recente encontro que o bloqueio “cria um sofrimento inaceitável, fere as forças de moderação e fortalece extremistas”.

Também se manifestou contra o ataque de hoje a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay. Ela salientou que “nada pode justificar o resultado terrível dessa operação”. Apelando para uma investigação sobre o incidente, ela ressaltou a necessidade da responsabilização. “Inequivocamente condeno o que parece ser o uso desproporcionado de força, resultando na morte e ferimento de tantas pessoas tentando levar a ajuda tão necessária ao povo de Gaza, que já vem enfrentando um bloqueio por mais de três anos”, declarou Pillay.

Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou que “nada pode justificar o resultado terrível dessa operação”. Foto: UN/Eskinder Debebe

Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou que “nada pode justificar o resultado terrível dessa operação”. Foto: UN/Eskinder Debebe

Ela apelou ao governo israelense que atenda à “visão quase unânime em nível internacional de que o contínuo bloqueio da Faixa de Gaza é desumano e ilegal”. O bloqueio, afirmou a Alta Comissária, “está no cerne de muitos dos problemas que afligem a situação entre Israel e a Palestina, assim como a impressão de que o governo israelense trata do direito internacional com perpétuo desprezo”. Sem o bloqueio, ela observou, “não haveria necessidade de frotas como esta”.

Relator Especial sobre a situação dos Direitos Humanos no território ocupado da Palestina, Richard Falk. Foto: UN/Paulo Filgueiras

Relator Especial sobre a situação dos Direitos Humanos no território ocupado da Palestina, Richard Falk. Foto: UN/Paulo Filgueiras

Já o Relator Especial sobre a situação dos Direitos Humanos no território ocupado da Palestina, Richard Falk, declarou que “Israel é culpado por um comportamento chocante, usando armas letais contra civis desarmados a bordo de navios que se encontravam em alto mar, onde existe liberdade de navegação, de acordo com a lei dos mares”.

Ele repetiu os pedidos feitos pelo Secretário-Geral e pela Alta Comissária para uma investigação sobre o incidente de hoje, sublinhando que “é essencial que os israelenses responsáveis por este comportamento ilegal e assassino, incluindo líderes políticos que deram as ordens, sejam penalmente responsabilizados pelo seus atos equivocados”.

Falk caracterizou o bloqueio de Gaza como uma “forma maciça de punição coletiva”, que equivale a um crime contra a humanidade. “A menos que uma ação rápida e decisiva seja tomada para contestar a abordagem israelense de Gaza, todos nós seremos cúmplices das políticas criminosas que estão desafiando a sobrevivência de toda uma comunidade sitiada”, concluiu.

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