terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"Agência de Segurança de Israel (ISA) e emb EUA em Israel, sobre a situação na Faixa de Gaza e Cisjordânia em 2007"


Agência de Segurança de Israel [ISA] e embaixada dos EUA em Israel, 
sobre situação na Faixa de Gaza e Cisjordânia



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[cabeçalho aqui omitido]

Excerto do item SECRETO do telegrama 07TELAVIV1732 

A íntegra do telegrama não está disponível

Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
.
Tradução de trabalho, não oficial, para finalidades didáticas, a partir de matéria no jornal Hurryet, Ancara, 17/1/2011

ASSUNTO:
Agência de Segurança de Israel [ISA] e embaixada dos EUA em Israel, sobre situação na Faixa de Gaza e Cisjordânia


1. (S) RESUMO: Em reunião dia 11/6[2007], o chefe da Agência de Segurança de Israel [ing. Israeli Security Agency (ISA)Yuval Diskin partilhou sua avaliação sobre a situação na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, pintando quadro de um [partido] Fatah desesperado, desorganizado e desmoralizado na Faixa de Gaza, versus um Hamás bem organizado e em ascensão. Falando antes dos dramáticos eventos de 12-13 de junho em Gaza, Diskin entende que o Hamás não está hoje em posição de destruir completamente o Fatah; Diskin disse que se opõe à proposta de Dayton da United States Security Coordinators Team (USSC)em Israel, para equipar as forças de segurança leais ao presidente Abbas da Autoridade Palestina e do Fatah, porque teme que os equipamentos acabem em mãos do Hamás. Disse que o Hamás já está infiltrado nas forças de segurança leais a Abbas e ao Fatah, e lembrou recente incidente no qual o Hamás capturou metralhadoras pesadas da Guarda Presidencial de Abbas. Diskin observou que que a fracassada tentativa de seqüestrar duas pessoas, dois dias antes, na passagem de Kissufim foi intentada por palestinos da Jihad Islâmica na Palestina [ing. Palestine Islamic Jihad (PIJ) e por militantes da Brigada dos Mártires Al-Aksa, e comandada pela PIJ. Disse que a Agência israelense não tinha informação alguma sobre o ataque, que descreveu como “operacionalmente criativo”. Diskin disse que, no geral, a cooperação com os egípcios para a operação antitúneis havia aumentado nos últimos dois meses, mas reclamou de que os egípcios só reagem a informação que lhes chegue da Agência israelense, e, sem ela, jamais são proativos. 

2. (S) RESUMO, CONTINUAÇÃO: Diskin descreveu o quadro geral da situação de segurança na Cisjordânia como comparativamente melhor, e elogiou o nível de colaboração que a Agência ISA recebe dos serviços de segurança palestinos que operam na Cisjordânia. Mesmo assim, lamentou o que caracterizou como uma crise de liderança no Fatah, com o presidente Abbas da Autoridade Palestina já preocupado com a própria aposentadoria, e seus possíveis sucessores incapazes de liderar os palestinos dos dois lados, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Diskin criticou especialmente o conselheiro de segurança nacional da Autoridade Palestina Muhammad Dahlan, por tentar liderar de fora os seus seguidores na Faixa de Gaza, “por controle remoto”. Diskin disse que o Fatah está “nas últimas”, e que a situação não é boa para Israel. Disse que tem intenção de discutir ideias com Olmert em futuro próximo, e disse que, depois, informará o Embaixador. FIM DO RESUMO.

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PARA DISKIN, A SITUAÇÃO PARA O FATAH EM GAZA É DE DESESPERO
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3. (S) Falando antes dos eventos dramáticos de 12-13 de junho, Diskin disse que o Hamás domina a Faixa de Gaza, mas ainda não tem poder suficiente para destruir completamente o Fatah. A diferença, explicou, é entre “a qualidade” do Hamas, e a “quantidade” do aparato de segurnaça do Fatah que é leal ao presidente Abbas da Autoridade Palestina. O Hamás domina a maioria das áreas. Na Faixa de Gaza, tem poder para derrotar o Fatah em qualquer confronto, embora o Fatah, apesar de seu moto “caótico” de lutar, pode ainda causar algum dano.  Diskin disse que alguns membros do Fatah são pagos pelo Conselheiro de Segurança Nacional de Israel Muhammad Dahlan, e outros são pagos por Abbas – especialmente a Guarda Presidencial. Lembrou que a Guarda Presidencial esteve envolvida nos confrontos de 10/6 na passagem de Rafah. 

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MAS AFIRMA QUE SE OPÕE AO PLANO DE APOIAR AS FORÇAS DE SEGURANÇA DO FATAH 
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4. (S) Diskin disse que ouviu, antes de 11/6, de fontes palestinas, que o Hamás conseguira roubar algumas metralhadoreas pesadas "Doshka" da Guarda Presidencial. Disse que aí está exemplo de por que não apóia “nesse momento” a proposta de Dayton da United States Security Coordinators Team (USSC) em Israel, de fornecer armas e munição ao Fatah: “Apoio a ideia de fortalecer militarmente o Fatah, mas temo que não sejam suficientemente organizados para que se possa ter certeza de que o equipamento transferido para eles chegará e ficará, de fato, com eles”. Diskin reclamou que a maioria das forças de segurança aliadas ao Fatah estão infiltradas por agentes do Hamás. Repetiu que não quer ver equipamento algum transferido para o Fatah, antes de estar convencido de que o equipamente chegará ao destino desejado. 

5. (S) Diskin levantou, como outro problema, a questão de saber se o Fatah será capaz de preservar e conservar qualquer equipamento que lhe seja entregue. Manifestou preocupações sobre as capacidades organizacionais do Fatah, e sobre o que chamou de [TEL AVIV 00001732 002 OF 003] muito evidente falta de liderança: "Dahlan está tentando comandar de longe as forças de segurança do Fatah, por controle remoto. Não sabemos sequer onde ele está.” (NOTA: Assessor de Diskin disse que acredita que Dahlan esteja no Cairo. Mas dia 13/6, Diskin disse ao Embaixador que Dahlan aparecera em Amman, na véspera. FIM DA NOTA.) Diskin continuou: “O Fatah está em péssimas condições na Faixa de Gaza. Recebemos pedido para treinar suas forças no Egito e no Iêmen. Gostaríamos de oferecer-lhes o treinamento de que precisam, para fortalecê-los, mas eles já não tem quem os comande”. Diskin disse, com plena clareza, que tem muitas reservas sobre treinar palestinos em um país como o Iêmen, onde é forte a presença da Al-Qaida.

6. (S) O assessor de Diskin disse que as forças de segurança são fortes na passagem de Rafah, mas que estão sem moral, por causa da situação geral na Faixa de Gaza. Diskin acrescentou que a comunicação daquelas forças com a ISA tornou-se “desesperada”, e não indica qualquer esperança para o futuro. Observou que há uma nova geração de líderes no Fatah, que estão sendo “empurrados” por Dahlan, que percebem que a situação exige soluções urgentes e o que tem de ser feito. Mas, ao mesmo tempo, não se comportam como se espera que se comportem pessoas que vivam a situação em que eles vivem. Diskin diz que “eles estão-se aproximando de uma situação de soma-zero, mas mesmo assim só fazem pedir que nós ataquemos o Hamás. Esse é desenvolvimento mpvp. Jamais houve isso antes. Eles estão desesperados.”

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DISKIN: A SITUAÇÃO É MELHOR NA CISJORDÂNIA, QUE EM GAZA 
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7. (S) Na Cisjordânia, Diskin disse que a Agência de Segurança de Israel estabeleceu relações de trabalho muioto boas com a Organização de Segurança Preventiva [orig. Preventive Security Organization (PSO)] e a Organização Geral de Inteligência [orig. General Intelligence Organization (GIO). Diskin disse que a PSO partilha com a ISA quase toda a inteligência que coleta. Entendem que a segurança de Israel é central para a sobrevivência deles na luta com o Hamás na Cisjordânia.

8. (S) Embora descreva como saudável a relação em geral com os serviços de segurança da Autoridade Palestina na Cisjordânia, Diskin observou que o Fatah não reagiu aos últimos ataques do Hamás na Cisjordânia por causa do atual “humor” [orig. "mood"] de Tawfik Tirawi chefe do Serviço de Inteligência da Autoridade Palestina na Cisjordânia. Diskin explicou que Tirawi (que descreveu como psicótico, cruel, perigoso e sujeito a súbitas alterações de humor) está irritado, se sente desprestigiado e desrespeitado por Abbas. Para Diskin, Tirawi também sente que seu relacionamento com Dahlan deteriorou. Diskin disse que espera encontrar-se com Tirawi na semana de 17 de junho, para dissuadi-lo de “cometer estupidezes, agora que está tentando ampliar laços com a família Dughmush na Faixa de Gaza." 

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DISKIN SOBRE ABBAS: ABBAS FRACASSOU. NO MOMENTO, NÃO HÁ NINGUÉM QUE CONSIGA LIDERAR O FATAH 
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9. (S) Diskin disse que Abbas vê o Fatah como fraco e “caindo das pernas”, sem qualquer possibilidade de ser reabilitado nos próximos meses. Destacando que essa seria sua própria opinião (no sentido de que não é necessariamente opinião do Governo de Israel), Diskin disse que Abbas começa a converter-se em problema para Israel: “Abbas é um paradoxo. Não consegue funcionar e fazer coisa alguma. Por que o Fatah está fracassando? Porque Abbas converteu-se em “bom rapaz” e todos estão fazendo qualquer coisa para mantê-lo vivo. Todos têm medo das alternativas, e Abbas já está dizendo que planeja aposentar-se da vida pública quando seu mandato terminar em 2008. Sabe de suas próprias fraquezas e sabe que fracassou. Fracassou ao não reabilitar o Fatah. Não empreendeu qualquer ação nova quando tinha condições para isso em 2004. Em vez de escolher ser o líder do Fatah, optou por ser líder nacional, de todos os palestinos.” Diskin lamentou que a situação atual sugira que não haja quem possa agora assumir a liderança do Fatah. Dahlan, disse ele, pode liderar só na Faixa de Gaza – se tanto –, e Marwan Barghouti pode liderar na Cisjordânia, mas não na Faixa de Gaza. “É alguma coisa no sangue deles”, disse, “líderes da Cisjordânia não lideram os palestinos da Faixa de Gaza, e vice versa”. Diskin alertou que a sociedade palestina está em desintegração, e que isso é má notícia para Israel. Disse que tem algumas ideias sobre como enfrentar essa questão, que deseja discutir com Olmert e que, depois, compartilhará com o embaixador: “Temos de garantir ao Fatah condições para obter sucesso, mas não é possível fazer isso nos marcos que vocês desejam (reftel).”

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DISKIN SOBRE OPERAÇÃO ANTITÚNEIS, COM OS EGÍPCIOS 
[TEL AVIV 00001732 003 OF 003]
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10. (S) Em resposta a pergunta do embaixador, Diskin disse que a cooperação entre egípcios e forças palestinas de segurança levou recentemente à descoberta de alguns túneis na Faixa de Gaza. Diskin disse que ocasionalmente a ISA ouve que se descobriram túneis na Faixa de Gaza e que, enquanto ele pessoalmente se inclina a acreditar na informação, admite que a ISA não pode verificar todas as informações. Diskin disse que a cooperação com os serviços de segurança do Egito melhorou em relação aos últimos dois meses, depois que as respectivas delegações encontraram-se. Mesmo assim, reclamou que permanecem sem solução alguns desafios fundamentais: “Reagem à inteligência que fornecemos a eles, mas não são proativos”. Lamentou que não tenha havido mudança dramática na situação dos túneis, acrescentando que ainda há muitos túneis operantes por baixo da Linha Philadelphi. 

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DISKIN SOBRE O FRACASSADO ATAQUE EM KISSUFIM; AMEAÇAS A FAYYAD 
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11. (S) Referindo-se ao fracassado ataque de 9 de junho, quando militantes palestinos tentaram seqüestrar soldados israelenses estacionados no posto de passagem de Kissufim entre Israel e a Faixa de Gaza, Diskin disse que o ataque pela Jihad Islâmica Palestina [orig. Palestinian Islamic Jihad (PIJ)] e a Brigada dos Mártires Al-Aksa foi comandando pela PIJ. Disse que o militante que guiou o ataque é um dos principais quadros da PIJ no norte da Faixa de Gaza. Diskin disse que o ataque visou a um ponto vazio, mas foi encenado para parecer dramático. Reconhece que os atacantes foram operacionalmente muito criativos e que a ISA não teve qualquer indicação de que o ataque estaria sendo organizado: “Foi mais uma falha da ISA. Não tivemos qualquer informação de inteligência antecipada sobre o ataque”. 

12. (S) Em resposta a pergunta do embaixador, Diskin disse que não viu qualquer evidência específica de que houvesse alguma ameaça contra o ministro das Finanças da Autoridade Palestina Salam Fayyad. Mas observou que, como ex-ativista do Fatah, Fayyad deveria saber que teria de cuidar da própria segurança. Diskin registrou que o homem que, na véspera, fora jogado do telhado de um prédio de 15 andares na Faixa de Gaza por militantes do Hamás, era membro da Force 17. [assina: JONES]

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