sábado, 29 de janeiro de 2011

Egito: manifestantes não respeitam recolher obrigatório

Apesar da repressão policial e dos violentos confrontos ocorridos na tarde desta sexta-feira no Cairo e noutras cidades, os manifestantes egípcios não desmobilizam. As autoridades detêm El Baradei em prisão domiciliar depois dele ter-se tentado juntar aos protestos.

ARTIGO | 28 JANEIRO, 2011 - 17:46

Egipto: manifestantes não respeitam recolher obrigatório
No bairro de classe alta de Mohandiseen, Cairo, pelo menos 10 mil pessoas 
manifestavam-se gritando "Abaixo Mubarak". Foto Khaled El Fiqi/EPA/LUSA.

Esta sexta-feira os protestos intensificaram-se e o Governo decretou o recolher obrigatório em três cidades, Cairo, Alexandria e Suez, que entrou em vigor a partir das 19 horas, hora local. No Cairo os manifestantes também incendiaram dois postos da polícia, enquanto em Alexandria os manifestantes deitaram fogo à sede do governo local. Segundo a Al-Jazira, há já veículos militares a entrar na praça principal da capital do Egito.

O Presidente Hosni Mubarak pediu ao exército para apoiar a polícia e fazer respeitar o recolher obrigatório, anunciou a televisão estatal. Do Cairo chegam imagens de nuvens de fumo em vários pontos da cidade.

Durante a tarde, violentos confrontos opuseram a polícia egípcia e milhares de manifestantes em frente a uma mesquita no centro do Cairo, depois da oração semanal em que participou o opositor Mohammed El Baradei.

A polícia usou canhões de água e balas de borracha para dispersar os manifestantes e bateu com bastões em alguns dos apoiadores de El Baradei, que o rodearam para o proteger, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press.

El Baradei chegou a ficar retido na mesquita, cercado pela polícia, seguiu depois para casa onde agora se encontra em prisão domiciliar. O Nobel da Paz (2005) está impedido de deixar a capital do Cairo. A informação foi dada por oficias da força de segurança do Egito e divulgada pelos sites das redes de televisão Al Jazira e CNN.

O egípcio prêmio Nobel da Paz Mohamed El Baradei regressou esta quinta-feira ao seu país para se aliar à contestação ao regime do presidente Hosni Mubarak. O regresso coincidiu com o terceiro dia consecutivo de protestos que se estenderam, nesta sexta-feira, a toda a cidade do Cairo, palco de violentos confrontos entre polícia e manifestantes em vários locais, noticiaram agências internacionais.

Com um balanço de sete mortos, cinco manifestantes e dois polícias, os confrontos continuam em várias cidades.

As autoridades egípcias começaram o dia em alerta máximo e não têm escrúpulos no que toca à violência utilizada para dispersar manifestantes que não desmobilizam. Para esta sexta-feira foram convocados fortes protestos contra o regime, no chamado “dia da ira”.

Os confrontos registraram na praça de Gize, Cairo, onde depois da oração semanal em que participou o opositor Mohammed El Baradei, se juntaram cerca de duas mil pessoas. No bairro de classe alta de Mohandiseen, pelo menos 10 mil pessoas manifestavam-se gritando “Abaixo Mubarak”.

Centenas de polícias anti-motim tomaram a central praça Tahrir, depois de numa outra praça da capital egípcia, a de Ramsés, se terem registrado confrontos entre a polícia e milhares de manifestantes que ali se juntaram depois oração do meio-dia na mesquita de Al-Nur. Aí, a polícia lançou granadas de gás lacrimogêneo para dentro da mesquita, onde várias mulheres procuraram refúgio.

Há relatos de manifestações semelhantes nas cidades de Suez, onde um manifestante foi morto pela polícia com um tiro na cabeça, Alexandria e vários outras, incluindo a Al Arish, no norte do Sinai e Mansour na região do Delta do Nilo.

O acesso à Internet, ferramenta amplamente utilizada na mobilização de manifestações, continua inacessível desde a manhã e também as comunicações móveis foram interrompidas.

Entretanto, quatro jornalistas franceses foram detidos no Cairo, indicou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Valero.

As revoltas no mundo árabe multiplicam-se

Começou na Tunísia com uma revolta social que levou à queda da ditadura de Ben Ali e está a estender-se por países do Magrebe e Médio Oriente: a onda de protestos, exigindo reformas e democracia, está a abalar o mundo árabe. A revolta está às portas do Egito, da Jordânia e do Iêmen e ameaça passar pela Argélia. Também se registram protestos no Líbano. Marrocos e Israel estão preocupados. 

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Extraído do Esquerda.net
Enviado por Luis Leiria

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