domingo, 13 de fevereiro de 2011

A REVOLUÇÃO EGÍPCIA E OS GENERAIS DE MUBARAK

Laerte Braga

Um cidadão egípcio afirmou a um jornalista que cobria as manifestações na Praça da Libertação (Praça Tahrir) que “não queremos ódios, estamos aqui cristãos, muçulmanos e jovens buscando a paz e a democracia. Somo um povo paciente, afinal aguentamos trinta anos de ditadura de Mubarak, saberemos construir o nosso futuro”.

É vedado a muçulmanos entrar em confrontos a não ser que não exista outra alternativa. A paz e a harmonia são prioridades e no Corão é possível encontrar inúmeras passagens que falam assim.

Há uma clara distorção da mídia branca e colonizada – cristã – sobre os acontecimentos no Egito. Não há nada a ver com o povo cristão, mas com a forma como os líderes políticos com a cumplicidade de líderes religiosos conduzem as tentativas de domar a vontade dos egípcios de construir o seu futuro.

Isso no Ocidente. Poucos líderes religiosos são tão repugnantes como Bento XVI, por exemplo. Não tem diferença nenhuma de Edir Macedo, exceto na pompa.

Se nos voltarmos à História recente do Egito, no governo de Anwar el Sadat, o presidente entendeu que a retomada do Canal de Suez seria suficiente para restaurar o orgulho nacional e o capitulou diante de pressões norte-americanos para celebrar um acordo de paz humilhante com Israel, à época governada pelo terrorista Menachem Beguin.

O Egito, por exemplo, por conta desse acordo, fornece petróleo e gás a Israel a preços abaixo dos de mercado. E nem é um grande produtor de petróleo, tampouco detentor de reservas significativas levando em conta outros países árabes.

Mubarak e os seus generais (inclusive os que estão no poder agora tentando ganhar tempo para manter o estado de coisas da ditadura), para usar uma expressão comum, surrada mas válida, são “vendilhões da pátria”. É fácil entender para nós brasileiros, algo como FHC.

O que importa a esse tipo de gente é o que entra na conta bancária, caem de quatro com a maior tranquilidade, como integrantes de qualquer elite econômica ocidental são apátridas e amorais.

A primeira preocupação dos generais egípcios foi a de reafirmar o tratado de paz com Israel e assim levar tranquilidade ao conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Não há desejo e nem vontade de guerra, mas é importante que o tratado seja revisado – foi feito debaixo de pressão dos EUA – para que sejam asseguradas as resoluções da ONU sobre o Estado Palestino (Israel não cumpre nenhuma e nunca sofreu sanções por isso).

O ataque sangrento e criminoso de forças nazi/sionistas de Israel ao  RACHAEL CORRIE, navio que levava suprimentos e medicamentos, ajuda humanitária ao povo de Gaza (sob um cerco impiedoso de Israel) e a omissão de Mubarak à reação da própria comunidade internacional foi como que a gota d’água em relação a ditadura. A atitude do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan de rejeitar o ato de terrorismo de Israel, na mesma medida que obrigou a comunidade internacional a reagir, levou os egípcios à reflexão.

A atitude cooperacionista e silenciosa de Mubarak diante do fato doeu fundo nos princípios de solidariedade e irmandade do povo muçulmano no Egito em relação ao sofrimento dos palestinos.

Os generais de Mubarak são cúmplices desse terrorismo. Não diferem de generais de outros países sempre prontos a obedecer Washington.

É o caso do Brasil. Documentos divulgados pelo WikiLeaks mostram que o governo do conglomerado não “considera o Brasil maduro para ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU” e entende que a opção pela compra de aviões caças da Boeing poderia facilitar esse caminho.

Os “negócios” são, no entender de Washington, o sinal de “maturidade”, de “aliado confiável”. E nessa medida o governo Dilma Rousseff já tirou os sapatos no aeroporto e está pronto para a capitulação.

Hoje, em todo o mundo árabe, há um sentimento de frustração – contido mas real – com o abandono da política externa do ex-presidente Lula e seu chanceler Celso Amorim. Antônio Patriota é só um diplomata de segunda categoria inspirado em Celso Láfer e sua submissão ao terrorismo nazi/sionista, acreditando nessa conversa fiada de “maturidade”. A opção pela Índia já foi feita a tempos por Washington.

Suspender a constituição e dissolver o Parlamento, por si só, não são decisões que denotam vontade de implementar um projeto de mudanças no Egito. Pode ser um golpe militar e a ação da polícia no Cairo confirma isso. Estão tentando desarmar as barracas na Praça da Libertação e impedir novas manifestações.

Por enquanto, a única mudança foi a queda de Mubarak, o seu entorno continua governando o Egito.

O fantasma do ditador e do seu imediato, Omar Suleiman, estão presentes em cada comunicado do conselho das forças armadas.

Não há compromisso das forças armadas com o  Egito e o povo egípcio. São comandados pelo conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Buscam ganhar tempo para refazer a mesma ordem que Mubarak manteve a ferro e fogo por trinta anos.

Ao contrário do que diz a mídia ocidental – podre, é só olhar o que VEJA inventou sobre a Al Jazeera – e inventou por um bom dinheiro, um extra – nem o Irã quer influenciar na revolta do povo egípcio e nem o povo egípicio quer influências externas para a construção do futuro.

Mas nem um e nem outro desconhecem a importância do Irã no processo político em todo o Oriente Médio. A fala do aiatolá Ali Khameney, líder supremo da revolução islâmica iraniana não foi recebida como intervenção e nem como tentativa de tal. Mas como solidariedade.

Não existe na revolta popular egípcia qualquer espécie de preconceito, mesmo sendo a população do país formada por noventa por cento de muçulmanos. Cristãos e outros credos participaram do protesto, homens e mulheres, jovens e idosos.

Há um desejo de paz, de harmonia, mas de justiça. O Islã não se volta contra ninguém, só quando confrontado por quem quer que seja.

O que os egípcios querem é exatamente isso. O poder no Egito para o povo egípcio.O direito de decidir seu destino.

A satanização do povo muçulmano é parte fundamental do processo terrorista do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A para impor a ordem política que atenda a seus interesses econômicos e o fazem pelo terror do militarismo. Sabem que é fácil comprar generais em qualquer canto do mundo, que o digam os paquistaneses, ou os indianos, ou mesmo os brasileiros que deram o golpe em 1964.

Vencer guerras não é uma necessidade para os nazi/sionistas. As guerras sim são uma necessidade para o bom desempenho dos “negócios” do conglomerado. Basta olhar a História.

O caminho apenas começou para o povo egípcio. E esse povo sabe que a luta será árdua, contínua e que não é hora de dispersão, pelo contrário. Sabe que o comando  das forças armadas de seu país serve a interesses de outros países.

Como é inevitável que a reação dos egípcios, a maior nação árabe, se estenda para países onde regimes ditatoriais pontificam, o que começa a acontecer na Argélia, aconteceu na Tunísia, acontece no Iêmen e se estenderá, certamente, a Arábia Saudita e todo os povos árabes.

Não há o desejo de criar uma nova revolução islâmica como no Irã. Mas é fundamental que o povo muçulmano governe países muçulmanos.

Se o Ocidente entender assim não haverá nada exceto a construção de democracias nos países árabes, mas peculiares aos povos árabes, aos muçulmanos. Com amplo e total respeito a todos os credos religiosos. A propósito, um razoável percentual de iranianos professa o judaísmo e não sofre qualquer tipo de perseguição.

Uma seita fundada nos EUA a guisa de misturar religião e espionagem, essa sim, mesmo porque é uma organização terrorista disfarçada de pacifista. Nada além disso.

Entendem os líderes muçulmanos do Egito que a democracia no país se construirá com o Corão como base e alicerce moral de um processo de absoluto respeito a todos os egípcios independente de credo, cor, o que quer que seja.

Não há de ser com os generais de Mubarak e nem com a submissão ao conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

O ódio, a barbárie, a violência partem do terrorismo nazi/sionista, dos ditadores comprados e controlados como marionetes. Dos militares servis e submissos a uma ordem de fora.

É uma luta longa, dura, uma caminhada cheia de obstáculos e mal começou. Mas vai prosseguir. Não se fundamenta nos “negócios” e na hipocrisia do mundo cristão, democrático e ocidental. Nem em “líderes” criminosos como o ariano Barak Hussein Obama engraxado com graxa negra para melhor iludir Chapeuzinho Vermelho.

E muito menos aceita o discurso que faz ressurgir o nazismo na Europa do primeiro-ministro britânico (colônia do conglomerado) David Cameron, sobre o “fim do multiculturalismo”.

A lição egípcia está exatamente no mostrar ao mundo que a existência, a coexistência e a convivência em bases dignas, humanas e fraternas entre diferentes é possível.

Neste contexto as redes sociais na Internet cumprem um papel decisivo. Mostrar ao mundo a verdade omitida e distorcida pela mídia tradicional. Para que cada nação possa construir o seu presente e o seu futuro pela vontade de seu povo e não de elites pútridas, apátridas e amorais (políticas, econômicas e militares, no Brasil, um exemplo, padrão Sarney).

É como se toda a grandeza da cultura milenar dos egípcios, neste instante da História, esteja despertando e permitindo ao mundo enxergar a perspectiva de paz.

Não interessa aos donos, mas é possível construí-la com uma luta que não se dá no clube de amigos e inimigos cordiais do chamado institucionalismo. Nas ruas, pelas mãos do povo.

É simples entender o que querem os egípcios, como os povos muçulmanos, na própria simplicidade do Corão, diverso da hipocrisia bárbara da democracia cristã e ocidental.

·         - Ter cuidado com os ganhos legítimos.
·         - Observar os direitos dos seres humanos e das outras criaturas de Allah.
·         - Usar o tempo antes da alvorada (sahar) para a adoração de Allah.
·         - Fazer o que agrada Allah e abster-se do que é proibido.
·         - Para assumir responsabilidades no serviço social.
·         - Fazer caridade pelo bem de Allah.
·         - Estar na companhia de pessoas sinceras e piedosas.
·         - Ser tocado pelas palavras do Quran e servir o Quran [1].
·         - Praticar invocações do fundo dos nossos corações.
·         - Evitar atos imorais como calunias, egoísmo, extravagância, mentira, inveja,  ambição, hipocrisia, e outros atos similares.
·         - Recordar a morte e respirar consciente de Allah até nosso ultimo suspiro.

Esses princípios, independente da fé de cada um – direito individual – não existem nem em Washington, nem em Tel Aviv, tampouco nas colônias do conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A espalhadas pelo mundo.

Como se vê, a visão dos egípicios é que o mundo não se resume a BBB ou a atrocidades contra palestinos, afegãos, iraquianos, ditaduras na Argélia, no Iêmen e vai por aí afora.

E muito menos aos “negócios”.

Os generais de Mubarak e que estão governando o Egito, não têm nada a ver com a revolta do povo egípcio.

Nota
[1] Quran – Alcorão ou Corão

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