sexta-feira, 20 de maio de 2011

10 horas nas mãos da ocupação israelense

17/05/2011 | ICArabe –Relato de Soraya Misleh

Mensagem vinda de um grupo de quatro brasileiros revela o totalitarismo utilizado pelo Estado de Israel para impedir que palestinos e descendentes retornem à sua terra de origem.

Soraya Misleh, Hasan Zarif, Muhamad Kadri e Ibrahim Hammoud sairam do Brasil dia 14 de maio para visitar seus familiares e aproveitaram para “apoiar as manifestações pacificas para lembrar o dia da nakba palestina e exigir o direito inalienável de retorno do povo palestino”, como explicam na mensagem.

No dia 15, dia da Nakba, já estavam entre os refugiados palestinos na Jordânia e acompanharam os protestos e fizeram parte de uma grande cerco às fronteiras palestinas, ocupadas por Israel, e que foi reprimido com violência.

Um jovem da Jordânia foi morto, causando revolta na população e nos campos de refugiados, e a expectativa é de que as manifestações prossigam nas fronteiras. Mais de dez manifestantes foram mortos no Líbano, nas mesmas celebrações da Nakba - que significa a catástrofe da expulsão do povo palestino promovida em 15 de maio de 1948 para dar lugar ao Estado de Israel.

Detenção na fronteira

Nesta segunda-feira, o grupo brasileiro tentou entrar na Palestina, mas foi barrado pelas forças da ocupação.

“Ficamos sete horas sendo intimidados, isolados uns dos outros, ameaçados, sofremos tortura psicológica nos interrogatórios, privação, revistas no corpo e bagagens. Fomos tratados como verdadeiros criminosos”, informam em sua mensagem.

Soraya Misleh, diretora de imprensa do ICArabe, jornalista da Ciranda e integrante do movimento, relata que os brasileiros ficaram horrorizados com a intolerância diante de manifestações pacíficas e o total desrespeito aos direitos das pessoas detidas. “Estou abalada e muito indignada”, ela relata. “Nos intimidaram de todas as formas, durante horas seguidas”.

O grupo diz ter sentido na pele que “a criminalização dos movimentos sociais que tanto combatemos é uma prática comum por parte do Estado sionista” e que “,vários brasileiros e brasileiras descendentes de árabes ou ativistas já passaram por essa situação inaceitável”.

Go back to Jordan!

Os quatro brasileiros portarão agora um passaporte carimbado com a “entrada negada” ao Estado de Israel, o que na prática os impedirá de visitar parentes, amigos ou de participar de missões solidárias ao povo palestino. Além de causar-lhes outros constrangimentos em viagens internacionais, necessárias quando se trata de apoiar as causas de um povo expulso de seu próprio país.

Soraya já esteve antes na Palestina, participando de atividades do Fórum Mundial de Educação, fazendo cobertura jornalística para a imprensa alternativa brasileira e do universo do Fórum Social Mundial. Os passaportes carimbados foram devolvidos sem qualquer explicação. Segundo o grupo, tudo que ouviram foi: “Go back to Jordan!”.

“Nos levaram até a saída e nos colocaram num ônibus em que ficamos quase duas horas junto a um senhor de origem árabe, também banido”. Durante esse tempo, não tiveram autorização para sair do local, novamente sem justificativa. “Ao todo, passamos quase dez horas sem comer e sem beber - tomamos um copo de água e duas bolachas após insistirmos muito e pressionarmos”.

Considerando que não é um caso isolado, já que “há diversos relatos de discriminação, sobretudo contra ativistas e cidadãos e cidadãs de origem árabe” e que os israelenses “jamais seriam tratados assim no Brasil”, o grupo quer providências do governo brasileiro e pede ao movimento social que pressione por medidas para que “nenhum brasileiro passe novamente por isso”.

Nesta terça-feira, o grupo irá à embaixada brasileira de Amã denunciar os maus-tratos e abusos de que foram vítimas, exigindo do governo providências após a atitude arbitrária de Israel contra cidadãos brasileiros tratados como criminosos.

Fonte: Ciranda Internacional da Informação Compartilhada
Enviado por ICARABE

Um comentário:

  1. (comentário enviado por e-mail e postado por Castor)


    Não se esqueçam de que a filha do ex-embaixador do Brasil em Telavive, Pedro Motta P. Coelho, ficou detida por três horas, numa madrugada de agosto de 2008, no aeroporto Ben-Gurion. Por quê? O nome dela, muito bonito e poético, em árabe e hebraico, é Leila ("Noite"), só “por causa” disso... Seu pai, ao tentar retirar a filha da detenção na parte internacional daquele aeroporto - construído sobre as cidades palestinenses de Lydda (Lod) e Ram'la - também foi detido, na ocasião, quando quis sair para telefonar ao ministério israelense do Exterior. Uma brutalidade nunca vista!

    Abraços do
    ArnaC

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