sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A política mundial entra em águas desconhecidas



9/8/2011, People Daily, Pequim, China
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


O sistema político dos EUA foi tido por muito tempo como a mais alta conquista da política capitalista. Produziu o conceito de “avaliações e contrapesos” [orig. “checks and balances”] reconhecidos como o padrão moderno da política democrática. Mas o rebaixamento da avaliação de qualidade dos créditos dos EUA pela agência Standard & Poor's degradou o capital político do país.

Para a agência Standard & Poor's, a luta a que se assiste no Congresso dos EUA não contribuiu para resolver a crise da dívida pública e, ao contrário, a agravou.

Essa opinião ecoou por toda a imprensa ocidental, que criticou o governo dos EUA por manifesta “incompetência”, por ações que provocaram nova queda no mercado global de ações. Standard & Poor's nada fez, além de enunciar verdade clara.

O desenvolvimento da internet e da globalização não teve impacto apenas sobre países africanos e nações emergentes, como a China, mas também teve impacto sobre os EUA, onde a internet nasceu. 

A capacidade dos EUA para fazer-decidir está enfraquecendo. Democratas e Republicanos competem para seduzir os eleitores, prometendo-lhes um bem-estar pelo qual os EUA já não podem pagar. 

Claro que o grau AAA pode voltar, mas o sistema político imperfeito permanece sem alterações. A comunidade internacional já não deve esperar muito dos EUA. 

O problema real é que os EUA negam que tenham os problemas que têm. O país está confrontado com novos concorrentes e novos desafios, mas ainda considera perfeito e ideal o próprio sistema, denegrindo todos os demais que não conhece e dos quais discorda. Esse comportamento arrogante é o cerne da falência dos EUA. 

O ocidente não pode continuar a esconder os próprios problemas. Imensas levas de imigrantes chegam ao ocidente; a população que está envelhecendo determina pressões cada vez maiores sobre a economia; o crescimento de potências emergentes desafia a dominação ocidental. E, para encaminhar soluções para esses problemas, o ocidente nada faz além de evocar conquistas passadas.

É altamente improvável que alguma reforma política promova algum progresso nos EUA e em outros países, apesar da ilusão de mudança que advém da rotação de partidos no poder, a cada uma ou duas eleições. 

É possível que o presidente Obama não consiga reeleger-se, caso persistam sem alterações as atuais dificuldades econômicas pelas quais passam os EUA. 

Mas mesmo que o Partido Republicano consiga reocupar a Casa Branca, isso não devolverá aos EUA a determinação indispensável para promover mudanças.

Talvez os EUA ainda tenham de padecer mais dores, antes de promover, de fato, mudanças reais. Até lá, viverão tempos difíceis, como vários países europeus continuam a viver. 

Os países ocidentais já não podem contar, como antes, com a plena autoridade de seu sistema. Todas as grandes potências enfrentam dificuldades. O mundo já não pode contar com os antigos exemplos com os quais sempre contou como guia.

É difícil prever o que isso significa para a China. No que nos diga respeito, a chave é não perder o rumo de nossas reformas e evitar erros graves.

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