quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Santa ingenuidade! \o/ \o/ \o/


(I) Departamento de Estado dos EUA: declaração surpreendente?!

 17/8/2012, Departamento de Estado dos EUA
Sobre a condenação de Nabeel Rajab [1] 

Sentencing of Nabeel Rajab

Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O governo do Bahrain assumiu o compromisso de respeitar a liberdade de expressão e de reunião e esperamos que cumpra o compromisso. Estamos profundamente preocupados com a condenação, por uma corte bahraini, de Nabeel Rajab, a três anos de prisão, acusado de conduzir “reuniões ilegais”. Esperamos que o veredito e a sentença sejam reconsiderados em julgamento da apelação, sem demora. Contamos com que o governo do Bahrain considerará todas as opções existentes, para bem encaminhar a solução desse caso. Acreditamos que todos têm um direito fundamental de participar de atos pacíficos de protesto. Temos repetidamente solicitado ao governo do Bahrain que tome medidas para construir confiança dentro da sociedade bahraini e inicie diálogo significativo com a oposição política e a sociedade civil. Punições excessivas por expressão pacífica – nesse e noutros casos – não contribuirão para esses esforços e só servirão para dividir ainda mais a sociedade bahraini.. 



(II) Tudo isso, só porque a liberdade de expressão da empresa Twitter & Co. é sagrada!

22/8/2012, MK Bhadrakumar*, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


O press-release distribuído na 6ª-feira pelo Departamento de Estado em Washington [leia acima], sobre a “Condenação de Nabeel Rajab” foi uma surpresa. Dava a impressão de que os EUA estariam afinal rompendo seu silêncio monolítico, para condenar a horrenda folha corrida de crimes cometidos por seu mais íntimo aliado no Golfo Persa – o Bahrain.

Mas em todos os casos, sempre seria totalmente impossível que os EUA estivessem começando a pressionar a favor de “mudança de regime” no Bahrain, onde os EUA mantêm abrigada a sua 5ª Frota Naval.

Assim sendo, por que o tal press-release? Por que precisamente Rajab, quando há vastas quantidades de xiitas brutalmente assassinados por lutar a favor de reformas no Bahrain, sem que os EUA jamais tenham movido uma palha em sua defesa?

O xis da questão é a empresa Twitter.

Nabeel Rajab
O “crime” pelo qual Rajab foi acusado e condenado é ter distribuído mensagem pela Twitter, empresa norte-americana de microblogs, em que denunciava crimes do todo poderoso e autocrático primeiro-ministro do Bahrain apoiado pelos sauditas. Por ter escrito um twit, foi condenado a três anos de prisão, antes mesmo de seus advogados terem acesso a ele. E Rajab tem mais de 100 mil seguidores, que o acompanham pela página mantida pela empresa Twitter.

A questão é que várias empresas norte-americanas que mantêm redes e páginas de ativo contato social estão tendo papel cada dia mais ativo e crucial, como ferramentas de divulgação e propaganda das políticas dos EUA para o Oriente Médio. Portanto, a mensagem do Departamento de Estado ao Bahrain significa exclusivamente: “Não toquem na Internet”.

Na mesma linha, aliás, o Wall Street Journal já se encarregou de mandar bem claro recado também à Índia, [2] só porque os rapazes do Ministério de Assuntos Internos da Índia, ao que se sabe, pediram ajuda aos norte-americanos para rastrear gente que anda distribuindo informações falsas pelas redes sociais, que perturbam a harmonia e a paz da sociedade indiana.

Santa ingenuidade!


Notas dos tradutores
[1] Para saber quem é e vê-lo falando, ver na redecastorphoto transcrito e traduzido para o português: 8/5/2012, Assange: 4º. Programa - entrevista com Nabeel Rajab e Alaa Abd El-Fattah; “The World Tomorrow”, Russia Today, vídeo e entrevista em inglês.  
Ver também: 19/8/2012, redecastorphoto, Julian Assange, agosto/2012 - Discurso da Embaixada do Equador, Londres (Transcrito e traduzido para o português). 
[2] 22/8/2012, The Wall Street Journal, Margherita Stancati e Tom Wright em: U.S. Calls on India to Respect Internet Freedom [EUA conclamam a Índia a respeitar a liberdade da Internet].

MK Bhadrakumar* foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The HinduAsia Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.

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