sábado, 11 de maio de 2013

Sayyed Hassan Nasrallah: “Apoiamos a Resistência popular no Golan sírio”


25º aniversário da Rádio al-Nour  - Discurso de Sayyed Hassan Nasrallah, Secretário-Geral do Hezbollah

9/5/2013, TV Al-Manar, Líbano (Vídeo legendado ao inglês)[1]
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Sayyed Hassan  Nasrallah
Em discurso transmitido por televisão, na comemoração dos 25 anos a Rádio Al-Nour, no Salão Risalat em Beirute, na 5ª-feira, Sayyed Nasrallah destacou que o governo sírio mostrou sangue frio e sabedoria no comando da Síria, e analisou o confronto com os sionistas de uma perspectiva estratégica, mostrando que o eixo da Resistência consegue avançar mesmo nas situações mais complexas, fazendo ruir os esquemas das potências colonialistas, agindo com firmeza e prudência.

Nós – a Resistência – declaramos que estamos prontos para receber e gerir armas com capacidade para decidir conflitos, que temos competência para recebê-las, armazená-las e preservá-las, para usá-las contra agressão que se cometa contra nosso povo, nossa terra, nossos locais sagrados – disse Sua Eminência.

O Secretário-Geral do Hezbollah explicou que:

...o objetivo que se esconde por trás dos recentes ataques da entidade sionista contra a Síria é minar as capacidades dos sírios, remover a Síria da luta, tentando induzir os sírios a acreditar que, se continuarem a garantir ajuda militar ao Partido da Resistência, levarão à derrubada do regime.

Mas, Sayyed Nasrallah lembra bem;

...a Síria respondeu à agressão sionista com precisão, rapidez e coragem, reafirmando o apoio persistente à Resistência Libanesa e abrindo a porta para a resistência popular nos territórios ocupados do Golan.

Citem-me um, um só, governo ou estado árabe, inclusive os que dizem apoiar a Primavera Árabe, que tenha tido a coragem de oferecer um míssil, uma bala à Resistência Libanesa e aos palestinos. Quem? Nenhum. Só a Síria – disse Sayyed Nasrallah.

Sua Eminência repetiu que

... há muito tempo, a Síria tem dado passagem a armas iranianas destinadas à Resistência no Líbano

Não há quem não saiba o quanto a Síria tem colaborado com movimentos da Resistência, sobretudo no Líbano e na Palestina.

Assim como a Síria nunca vacilou na defesa do Líbano, nós – o Partido da Resistência Libanesa – declaramos que estamos, ombro a ombro, ao lado da resistência popular síria, que luta para libertar o Golan ocupado.

Auditório lotado no Salão Risalat em Beirute, na 5ª-feira (9/5/2013)
Sobre as conversas entre EUA e Rússia sobre alguma solução política para a crise síria, Sayyed Nasrallah disse que:

... é um escândalo que os EUA se apresentem com salvadores da Síria.

Sua Eminência repetiu que:

... ainda há árabes que se servem das ruínas da Síria para dar aos EUA o que eles querem, só porque ainda acreditem que o Irã esteja sitiado.

Sobre a causa palestina, tema sempre central nos seus discursos, Sua Eminência Sayyed Nasrallah denunciou que há regimes árabes que tratam os palestinos como se fossem um peso histórico a arrastar, do qual se querem ver livres, mas não têm coragem para tomar qualquer atitude decisiva.

Para todos os que aspiram a preservar a Mesquita al-Aqsa e os lugares sagrados dos cristãos, e para os que estejam decididos a recuperar Jerusalém para o povo palestino e para a comunidade islâmica [Ummah], a única via possível é a Resistência. De nada lhes servirá escolherem a Liga Árabe nem a ONU. A única via possível é, como sempre foi, a via da Resistência – disse Sayyed Nasrallah.

Hoje, a causa palestina é atingida por duas ameaças: a ocupação da terra e o roubo da identidade – disse Sua Eminência, destacando que: ...aceitar que a Terra Ocupada seja Estado, Estado Judeu e Estado de Israel implicaria ter perdido a batalha. O que se tem visto na Região é o esforço para criar oportunidades para o inimigo, depois dos tempos de pânico que viveu durante a Primavera Árabe e o início do despertar dos povos árabes. Infelizmente, ainda somos naca que perde muitas oportunidades – disse Nasrallah.

Os palestinos, com muita razão, esperavam que a Primavera Árabe levasse os árabes a defender mais empenhadamente seus direitos. O que se viu foram ministros de Relações Exteriores de países árabes aceitando servilmente o que lhes impunha algum secretário de Estado dos EUA. Isso indica que a causa palestina também está sob ameaça – acrescentou Sua Eminência, que continuou:

Infelizmente, ainda há gente que supõe que nossas prioridades sejam outras, não a Mesquita Al-Aqsa, mas arrastar Síria e Irã à guerra, e o Líbano para o fundo do abismo.

Há árabes que se recusam a pagar pelo pão para alimentar sunitas muçulmanos que morrem de fome na Somália, que se recusam a ajudar refugiados sírios no Líbano, que negam apoio efetivo aos jerusalemitas para que permaneçam nas terras que lhes pertencem, mas não se incomodam de pagar qualquer coisa aos judeus da entidade sionista.

Sayyed Nasrallah disse que crê que o que falta a esses governos árabes

...é ver que é a natureza sionista de Israel que os ameaça, a cada um e a todos, gerando ameaças culturais, humanitárias, econômicas, demográficas e de segurança para todos os demais árabes.

Elogiando a posição do Parlamento da Jordânia, em seu voto sobre as relações com a entidade sionista, Sayyed Nasrallah lembrou aos palestinos que:

... não encontrarão defensor mais empenhado e comprometido do que os que permanecem ao seu lado há anos. Sua Eminência lembrou que os palestinos também se beneficiarão com um bom acordo político, acordo político sério [2], que se construa para a Síria e o governo sírio, que impeça que a Síria caia sob o tacão de infiéis, de norte-americanos e de sionistas.

Falando aos grupos da resistência palestina, Sua Eminência lembrou que:

... dia virá em que todos os irmãos palestinos saberão dizer à plena voz o que hoje alguns apenas sussurram em reuniões privadas que ninguém, em tempo algum, os ajudou mais, mais diretamente e mais fortemente, que a Síria do presidente Bashar al-Assad.

Dirigindo-se aos vários grupos políticos libaneses, Sua Eminência disse que a unidade nacional exige que se construa um Gabinete de real parceria nacional, o que se haverá de conseguir com eleições limpas e livres. Sua Eminência reiterou o compromisso do Hezbollah com a proposta “União Ortodoxa” [orig. Orthodox Gathering] e reafirmou que o Partido não tem qualquer interesse em criar algum vácuo político.

Sobre os peregrinos libaneses sequestrados em Aazaz, na Síria, há cerca de um ano, Sua Eminência revelou que o Hezbollah já tomou todas as medidas, e em breve o problema estará superado.

Caberá ao governo tomar a seu cargo os demais passos necessários – acrescentou.

Sobre foguetes lançados por milícias sírias antigoverno contra o Líbano, que atingiram a região de Hermel, ao norte, Sayyed Nasrallah informou que o Hezbollah está agindo e

... se Deus quiser logo haverá solução.

A cerimônia da 5ª-feira foi organizada para marcar o 25º aniversário do início das operações da Radio al-Nour, do Hezbollah, veículo de informação e comunicação social que, disse Sayyed Nasrallah,

sempre cuidou de preservar a credibilidade e a honestidade, na comunicação social.

Nossa experiência nos ensinou que a honestidade, a clareza, é a arma decisiva em todas as guerras psicológicas nas quais combatemos  – disse Sua Eminência.

Logotipo da Radio al-Nour
Agradecendo a todos que trabalham na Rádio al-Nour, pela firmeza, dedicação e fé, Sayyed Nasrallah disse que:

...a estação de rádio foi criada como parte do movimento de Resistência; a partir de nossa experiência acumulada, aprendendo no curso das lutas, com esperança no futuro. Todos confiamos que somos capazes de construir a vitória.

O dilema mais sério que hoje acossa grande parte da mídia mundial em geral, e árabe em particular, é a falta de credibilidade, depois de anos de desinformação, fabricação de fatos e mentiras incontáveis no plano político e das relações e nos noticiários – disse Sua Eminência, que concluiu:

A única missão e a única serventia dos veículos de mídia é noticiar o mais amplamente possível, sem inventar ou fabricar mentiras.

Nossos veículos da nossa Mídia de Resistência muito ajudou a nação a resistir e manter-se unida, indicando o caminho seguro a seguir, e defendendo a Resistência contra acusações de que seríamos terroristas, ou de que teríamos capitulado – disse Nasrallah.

E concluiu:

Nossa Mídia de Resistência continuará em sua luta, nesse seu dever. Todos os órgãos e braços e meios da Resistência persistirão buscando, com confiança, a vitória.




Notas dos tradutores
[1] Trecho do vídeo, em árabe, com legendas ao inglês, pode ser visto na Al-Manar TV, Líbano em: S. Nasrallah: We Support Syrian Resistance, We’ll Receive Game-Changing Arms
[2] Sobre o Hezbollah e o trabalho de construir um acordo político para superar a crise na Síria, ver: “Hassan Nasrallah (Hezbollah), entrevistado por Julian Assange de 18/4/2012, Russia Today, traduzido na redecastorphoto.

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