quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Imran Khan: - “Será que os EUA não “autorizaram” a paz no Paquistão?”

5/11/2013, [*] Mian Abrar, Pakistan Today
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Imran Khan
ISLAMABAD – Em mais um movimento importante, Imran Khan, presidente do Partido Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), anunciou na 2ª-feira que ampliou por mais 15 dias o prazo para iniciar o bloqueio das linhas de suprimento da OTAN que atravessam a província Khyber Pakhtunkhwa. Mas repetiu que ou os EUA param completamente os ataques com drones em território do Paquistão, ou as linhas de suprimento para a OTAN no Afeganistão serão bloqueadas.

Em inflamado discurso à Assembleia Nacional, Khan disse que dia 20/11 a província Khyber Pakhtunkhwa, governada por seu partido, suspenderá todas as autorizações para que comboios de suprimento que vão e vem para e do Afeganistão, para as tropas dos EUA-OTAN, atravessem aquele território. E conclamou o primeiro-ministro Nawaz Sharif a obter a confirmação e garantias dos EUA de que nenhum futuro ataque do programa norte-americano de drones voltará a ameaçar o processo de conversações de paz com os Talibã. (...)

Khan disse que há poucas ou nenhuma chance de paz, e que o ataque norte-americano semana passada praticamente destruiu as poucas possibilidades ainda existentes.

“Tinham de matar Mehsud, exatamente quando havia uma chance de paz? Significará que os EUA não “autorizaram” a paz no Paquistão?” – perguntou Khan, que insistiu em que o país vive “momento de definição”, embora, mesmo assim, as chances de paz continuem praticamente fechadas. Mas disse que esforços concentrados e dirigidos ainda podem mudar os resultados.

Um drone idêntico a este foi a arma que os EUA usaram para assassinar Mehsud
Khan disse claramente que compreende muito bem a situação e que não tem “intenção” de entrar em guerra com os EUA. Mas, disse ele, só uma nação unida e mobilizada poderá convencer os EUA a respeitarem a soberania do Paquistão. Para Khan, o ataque de drones que assassinou Mehsud às vésperas do início das conversações matou também, de fato, o processo de paz.

Maulana Fazlur
Rehman
Agora, quem vencerá a desconfiança e as suspeitas e convencerá os Talibã a sentarem à mesa de negociações?” (...) “Temos de nos manter unidos e dizer aos EUA que eles destruíram uma chance para a paz no Paquistão. E temos de assumir posição firme quanto a isso (...). Condenamos os ataques dos drones há nove anos. Mas só as condenações não mudaram coisa alguma. Agora, temos de enviar um sinal forte e claro” – disse Khan, que prosseguiu. “Estou pronto a procurar todos e qualquer grupo, até mesmo Maulana Fazlur Rehman, com quem minhas relações há algum tempo já não são boas”.

Khan disse também em discurso à Assembleia Nacional, que correr aos EUA a suplicar por dólares jamais ajudará o Paquistão a livrar-se da “mentalidade de escravo. Os patrões não levam a sérios os próprios escravos”.

Jamais seremos nação respeitada se continuarmos a mendigar como pedintes, aos pés dos EUA. Se queremos ser nação respeitada, temos de nos unir. E, se a união não funcionar para sustar os ataques dos drones, o Paquistão terá de cortar as linhas de suprimento das forças de EUA-OTAN e denunciar no Conselho de Segurança da ONU os ataques de drones em território paquistanês”.

Nisar Ali Khan
Imran reconheceu os esforços feitos pelo ministro do Interior Nisar Ali Khan, que trabalhou para assegurar o sucesso do processo de paz.

Todos os esforços feitos por Nisar nos aproximaram de conversações de paz, mas, agora, a jirga[assembleia] de paz está outra vez parada. E eu pergunto: os EUA são amigos ou inimigos do Paquistão?” – disse Khan.

Agora, faça o que faça o ministro do Interior, será extremamente difícil conseguir que algum novo comandante dos Talibã-No-Paquistão aceite voltar à mesa de conversação”.

No mesmo dia, mais cedo, Nisar informou a Assembleia sobre os esforços do governo para manter as conversações de paz com os Talibã, e as dificuldades surgidas. Outra vez, disse que o ataque pelos drones dos EUA, que na 6ª-feira matou o comandante dos Talibã-No-Paquistão, foi “conspiração para fazer desandar o processo de paz”.

Mas o ministro prometeu “prosseguir nos esforços para organizar conversações de paz com os Talibã”. “Mas só será possível depois que os militantes tiverem eleito o novo comandante” – acrescentou.

Lamentando que uma conspiração maior tivesse em vista interromper as conversas com os Talibã, Nisar disse que “infelizmente” não há no momento possibilidade de diálogo com os militantes.

Disse que a equipe formada para iniciar o diálogo com os Talibã-No-Paquistão marcara encontro com representantes do grupo, um dia antes do ataque de drone que assassinou Mahsud. Nisar conclamou todos os partidos políticos a unir-se em busca das conversações de paz, e a cultivar a paciência nos próximos tempos.

Informou que prosseguem as investigações sobre os ataques contra Qissa Khawani, contra a igreja em Peshawar e sobre o assassinato do major-general Sanaullah Niazi; acrescentou que o timing desses atos terroristas foi, em todos os casos, muito suspeito. E agradeceu ao exército, por ter avançado “um quilômetro a mais” nas ações para proteger o diálogo de paz, apesar da grave situação de segurança que o país enfrenta.
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[*] Mian Abrar é repórter de política nacional e internacional dos jornais paquistaneses online Pakistan Today e The News

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