segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Jeremy Hammond: Websites oficiais invadidos - Brasil, Turquia, Síria, Porto Rico, Colômbia, Nigéria, Irã, Eslovênia, Grécia e Paquistão

“Os EUA usaram Sabu e, por extensão, me usaram, para fazer ilegalmente o que não podiam fazer legalmente”

16/11/2013, Dell Cameron, The DailyDot
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Ver também:
12/11/2013, redecastorphoto em: Os revolucionários que vivem entre nós

Jeremy Hammond por Molly Crabapple

Jeremy Hammond, hackativista de 28 anos, foi sentenciado a 10 anos de prisão, na 6ª-feira, por participação no hacking da empresa privada de inteligência Stratfor. Mas a extensão da pena imposta a ele acabou por encobrir a acusação que ele fez contra o FBI durante a audiência de sentença.

Conforme documento distribuído por pastebin, postado por importante pesquisador de segurança, Hammond foi convencido por um informante do FBI a empreender ações de hacking contra vários governos estrangeiros. Foi o que ele tentou dizer, na declaração que leu na audiência de sentença, na 6ª-feira.

O documento ainda não está integralmente confirmado, mas testemunhas presentes na sala de audiência dizem que quando Hammond estava lendo sua declaração à Corte, a juíza Loretta Preska o interrompeu. As testemunhas dizem que a juíza Preska o interrompeu no meio da frase, depois que ele já citara três países – Turquia, Irã e Brasil. A juíza disse: “Sr. Hammond, acabamos de falar sobre omitir os países. Gostaria que o senhor não citasse países”.

Loretta Preska
Imediatamente depois de anunciada a sentença de Hammond, Sparrow Media e outros blogs publicaram o texto de sua declaração – mantendo as omissões que a juíza ordenara, por temor de que qualquer ação diferente dessa pudesse prejudicar Hammond.

Uma hora depois de anunciada a sentença, Jacob Appelbaum, conhecido pesquisador de segurança de computadores e associado a WiliLeaks distribuiu um documento por pastebin, que se supõe que seja uma versão não censurada da declaração de Hammond ao tribunal.

Ver tuítes em:
Jacob Appelbaum
Conforme o documento de pastebin, o FBI, servindo-se de um informante, entregou chaves a Hammond que lhe permitiram invadir sistemas de computadores de governos estrangeiros. Hammond, sem saber que recebera do FBI aquelas chaves, baixou todos os dados que obteve para um servidor controlado pelo FBI. Os agentes federais repetiram o mesmo processo várias vezes, tomando como alvo vários diferentes países.

Antes que a juíza o mandasse calar, tudo leva a crer que Hammond tentava revelar essa informação e os nomes dos países atacados, na presença da imprensa.

Hammond disse ao tribunal:

Essas intrusões, as quais foram todas sugeridas por Sabu quando já cooperava com o FBI, afetaram milhares de nomes de domínio; na grande maioria eram páginas oficiais de governos estrangeiros.

Adiante, se soube que Sabu, conhecido hacker cujo verdadeiro nome é Hector Xavier Monsegur, era informante do FBI.

Sabu também forneceu a Hammond listas de alvos vulneráveis a “zero day exploits” usadas para invadir sistemas, inclusive uma poderosa vulnerabilidade de raiz que afeta o conhecido e popular programa Plesk – lê-se no documento que Appelbaum publicou por pastebin. A pedido de Sabu, aquelas páginas foram invadidas, e os e-mails e bancos de dados descarregados no servidor FBI que Sabu usava, e foram-lhe fornecidas informações de senhas e a localização das “root backdoors”.

Desenhos de Molly Crabapple feitos na corte durante o julgamento 
(Clique na imagem para visualizar e ler os "balões")
O documento diz que mais de 2.000 domínios foram atacados entre janeiro e fevereiro de 2012 por instruções do FBI. Brasil, Turquia, Síria, Porto Rico, Colômbia, Nigéria, Irã, Eslovênia, Grécia e Paquistão são nomeados ali como países alvos de ataques, e o documento diz que houve ainda outros países. (...)

“Tudo isso aconteceu sob controle e supervisão do FBI” – diz o documento, que acrescenta que essas declarações são comprovadas em documentos que a defesa de Hammond apresentou ao tribunal durante o processo. A extensão total dos “abusos” cometidos pelo FBI, diz o documento, talvez jamais seja revelada, porque muitas das provas exibidas durante o julgamento foram protegidas por uma ordem de sigilo, da juíza.

O documento de pastebin conclui solicitando que todas as provas exibidas durante o julgamento de Hammond sejam tornadas públicas.

Runa Sandvik
repórter
Acredito que esses documentos comprovarão que as ações do governo dos EUA vão muito além de caçar hackers e impedir crimes “de computador”.

À repórter que lhe perguntou, pelo Twitter, sobre a autenticidade do documento publicado por pastebin, Appelbaum respondeu:

Foi vazado por gente que sabe. É verdadeiro. 

Ver tuíte em:
Embora a autenticidade do documento distribuído por pastebin não tenha sido confirmada e deva ser tratado com extrema cautela, Hammond já fez, antes, declarações semelhantes sobre Sabu e o FBI.

O que poucos sabem é que Sabu também foi usado por gente que o controlava, para conseguir invadir alvos que o governo selecionava – inclusive inúmeras páginas oficiais de governos estrangeirosHammond escreveu em agosto em FreeJeremy.net. O que os EUA não conseguiam fazer legalmente, usaram Sabu e, por extensão, eu e outros acusados agora no mesmo processo, para fazer ilegalmente.





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