sábado, 20 de dezembro de 2014

Obama: Cúmulo da estupidez, ou cúmulo do autoengano?

19/12/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

The Saker
Ouvindo o discurso de Obama sobre Cuba, chamou-me a atenção a seguinte passagem:

Afinal, esses 50 anos mostraram que isolamento não funcionou. É hora de nova abordagem. (...) Absolutamente não acredito que podemos continuar a fazer a mesma coisa durante cinco décadas e esperar resultado diferente. Além do mais, não serve aos interesses dos EUA nem do povo cubano, tentar empurrar Cuba para o colapso. Ainda que funcionasse – e não funcionou durante 50 anos – sabemos por nossa dura experiência que é mais provável que países usufruam de transformações duradouras, se o povo não é submetido ao caos. (sic)

É. É quantidade im-pres-si-o-nan-te de banalidades e tolices. OK, mas, entenderam bem? Obama admite que 50 anos de sanções e tentativas para isolar uma pequena ilha ali, no litoral da Flórida, deram em nada.

--Cuidado com minhas sanções!
E então, na sequência, Obama “anuncia” que imporá mais sanções contra a Rússia, o maior país, em território, do planeta, e que isolará a Rússia, e que fará e acontecerá contra a Rússia... mesmo sabendo que a Rússia tem hoje pleno acesso à maior economia do planeta?!

O cúmulo da estupidez? Ou o cúmulo do autoengano?


The Saker

Um comentário:

  1. 19/12/2014, 16h09, “MK Ngoyo said...” (comentário, em postado do Saker)

    Caro Saker,

    “Homem de pouca fé, por que duvidaste? [Mateus 14:31] Já não te mostrei maravilhas? Nem assim crês?” [Putin bate a cabeça na parede]

    O Império esperneia, e a Rússia avança, cada vez mais forte. A virada na política para Cuba também tem a ver com o declínio do Império. Obama está dando um tapa na agenda, porque sabe que terá problemas com o próximo Congresso.

    Tudo isso confirma que a política de Putin nesse confronto não está, simplesmente, ‘certa’. Putin é Gênio Grão-Mestre do Xadrez, PGGMX [marca registrada].

    A política de Putin é esperar os ataques, sem comprometer poder de fogo significativo seja no ataque ou na defesa, antes de que a situação possa ser analisada com clareza. Brilhante. E por várias razões:

    1. O próprio telhado do império está em chamas, e o ataque pode nem dar em nada, por causa do fogo ‘doméstico’.

    – Em janeiro, haverá novo Congresso. É altamente provável que Obama seja forçado a dar sossego ao planeta, para atender só emergências domésticas (até o impeachment, estará em pauta). Terá então chegado a hora de a Rússia mover-se. Devagar. Bem devagar. Softly!

    – Há luta titânica entre realistas e neoconservadores dentro do governo. De tal ordem que custou a cabeça de Hagel. Pode haver mais cabeças coroadas em vias de rolarem; por que mostrar nossa estratégia, quando Obama vive um momento para respirar. Esperemos até que ele esteja sem ar, em plena batalha doméstica.

    – Em breve começará a campanha presidencial nos EUA. É evento que absorverá muita energia do império. Demos tempo a eles para que se amarrem, pés e mãos, eles mesmos.

    2. A política do Império para Síria/Oriente Médio está em ruínas (não se sabe nem se eles são contra ou se são aliados do Estado Islâmico!)

    Esses erros também ajudarão a minar qualquer ataque contra a Rússia. Por que não esperar que as coisas piorem ainda mais, antes de deixar o inimigo ver para onde estamos andando?

    3. Assad está vencendo a guerra. A Turquia está em revolta. São problemas que também podem madurar um pouco mais.

    4. Em março, chegará a hora de renovar as sanções da União Europeia. Por que atacá-los antes disso? É possível que, em março, o sul da Europa já esteja em franca rebelião ou sob repressão brutal.

    5. O inverno ainda não apertou. Mas apertará, até março. Por que não deixar a guerra dos Ukies no gancho, até lá. Podem até morrer de frio.

    6. Petróleo a preços baixos está ferindo o ocidente também. Indústrias na Grã-Bretanha e grandes petroleiras ocidentais (Exxon?) já não querem nem ouvir falar das tais sanções. São forças poderosas e cuidarão de minar, por dentro, o ataque do império. Demos tempo a elas.

    7. Finalmente, essa batalha apenas começou. O Império está declinante, mas é, por hora, ainda, muito mais poderoso, em termos econômicos e geopolíticos, que a Rússia. E a Rússia está ganhando força. Por que responder o ataque frontal, deles, com defesa ‘frontal’? Melhor evitar combate direto e esperar que eles declinem mais e mais, enquanto nos vamos fortalecendo.

    Por todas essas razões, para a Rússia, agora, o melhor a fazer é esperar. Resposta de força da Rússia, agora, só fará unir o império em torno do imperador e imobilizar as forças que, dentro do império, opõem-se ou desmobilizam o ataque contra a Rússia.

    Simultaneamente, se Putin puser-se a atacar a 5ª coluna, só conseguirá dividir o país, ao mesmo tempo em que mobilizará o império, que terá de dar proteção aos seus agentes. O efeito será zero, no sentido de acrescentar qualquer melhora na atual situação. Nem Glaziev, se estivesse no Banco Central Russo, teria conseguido deter o ataque dessa semana contra o rublo!

    Quantos, inclusive nosso Saker, insistiam em que a Rússia invadir a Ucrânia seria resposta apropriada à derrubada de Yanukovych? Putin decidiu que não. E sempre esteve certo, também nisso, não? Putin já está provando que acertou também na ideia de uma Ucrânia federada. A cada dia que passa, a ideia ganha mais aceitação no Donbass.

    Putin reina.

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