segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Reset Monetário Global já está rolando

21/12/2014, [*] Tyler DurdenZero Hedge
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu




Colapso Econômico
Você está preparado?

O Reset Monetário Global está em andamento, mas parece que ninguém notou. A chave é o movimento para as taxas zero de juro.

A dívida pública, praticamente no mundo inteiro, é alta demais para ser paga; e pagá-la por taxa tradicional de juros, disso, nem se fala! Quando as dívidas vencem, e também quando amadurecem as ações, a única opção dos governos é rolar a dívida e os juros acumulados. E o único modo pelo qual conseguem dinheiro para fazer tal coisa é se o dinheiro continua a ser impresso como prática ininterrupta; e se os juros estão em zero ou perto de zero.

“Quantitative Easing” (ing. QE, “alívio monetário quantitativo”) é o mais recente nome para imprimir-dinheiro, aumentando o montante de moeda disponível. Logicamente, o “alívio monetário quantitativo” dilui o valor da moeda, porque inflaciona o número de unidades monetárias em circulação, e, teoricamente, deveria levar à inflação dos preços. Contudo, se todas as nações engajam-se na expansão monetária, os efeitos dessa “fabricação” de dinheiro impresso sobre as taxas de câmbio podem, sim, ser efetivamente ocultados num equilíbrio de expansão.

Ora, como no caso do dólar norte-americano, uma moeda que tenha status de moeda mundial de reserva pode ser expandida com relativa impunidade pela nação que cria essa moeda; e que está efetivamente exportando sua inflação para o resto do mundo que continua a vender para a tal nação, ou comercia num sistema monetário baseado naquela moeda. Injeções de “alívio monetário quantitativo” numa economia com fundamentos frágeis devem, com toda a probabilidade, resultar em bolhas especulativas, quando os fundos do “alívio” aparecem em mãos de investidores, não dos consumidores em geral.

“A inflação tornou-se elemento necessário da vida econômica”, como reza o meme dominante entre os economistas. A inflação é uma estratégia chave para lidar com dívidas gigantescas e crescentes.

Dívidas tão imensas que não possam ser pagas têm de ser inflacionadas e enviadas à estratosfera, ou os governos condenam-se ao calote. A deflação torna dívidas atuais cada dia mais difíceis de pagar (principal ou serviço) se não de deflacionam o PIB e as entradas de dinheiro.

Nações exportadoras já concorrem nas reduções competitivas de taxas de câmbio, para ganhar ou manter a competitividade de suas exportações. Moeda forte fere a competitividade na exportação, mas baixa o culto dos importados. Moeda fraca eleva o custo de vida da população que tenha de comprar importados – traço frequente em nações que importam petróleo, por exemplo. Há um equilíbrio necessário a construir entre competitividade nas exportações e inflação de preços ao consumidor; esse equilíbrio é regulado, quase sempre, por manipulação na taxa de câmbio.

Algumas das nações da zona do euro estão conhecendo os dolorosos efeitos de se terem trancado numa moeda única, perdendo a capacidade para usar as taxas de câmbio para preservar a respectiva competitividade para suas exportações.

As expansões monetárias do passado (feitas para reinflacionar a economia mundial sempre que se metesse em becos sem saída – Obrigado, Greenspan & sucessores!) inundaram de moeda, o mundo. Essa moeda engordou portfólios de especulação, a tal ponto que o volume de moeda que gira por aí à caça de retornos ou de segurança pode a qualquer momento desabar sobre o sistema financeiro de um país e suas relações comerciais (competitividade comprometida, bolhas de falsos investimentos, crises repentinas da dívida, quando o dinheiro vai embora, etc.).

Os sistemas comercial e financeiro internacionais tornaram a maioria dos países relativamente indefesos contra o comércio e, muito mais criticamente grave, os fluxos de capital.

Vastas somas de dinheiro podem entrar e sair de um país e suas respectivas moedas, num clic de computador. Obtêm-se lucros e perdas gigantescas apostando nas flutuações do câmbio e manipulando-se as taxas do câmbio.

ZIRP [1] e NIRP [2] são agora regularmente empregadas, ostensivamente para dissuadir residentes de tentar qualquer corrida ao dinheiro, em vez de aumentar a velocidade monetária gastando cada vez mais. Mas ZIRP e NIRP também são usadas para dissuadir especuladores de comprar moeda de algum país (a compra faria subir a taxa de câmbio).

Tradicionais estoques de valor e meios de troca entre bancos centrais – metais preciosos – foram desmoralizados, graças à manipulação dos preços nos mercados de ações.

Estratégias que parecem esquisitas e raras, contrárias à tradição – crescente volume de moeda impressa; monetização da dívida, quando bancos centrais compram papeis do governo; ZIRP, NIRP e o arrocho do preço dos metais preciosos – são as estratégias de um novo sistema monetário que tem de enfrentar os problemas que advêm dos excessos monetários do passado.Chegaram para ficar. São a nova normalidade.

Ao desiludir o público da ideia de que a moeda devesse ser estoque estável de valor, que poupar seria virtude e que tomadores de empréstimos devessem pagar “aluguel” razoável pelo dinheiro que tomam emprestado, as autoridades monetárias estão adestrando o público para a nova normalidade.

No paradigma da Moderna Teoria Monetária, criar moeda é ação que pode prosseguir ao infinito sem inflação destrutiva, desde que as taxas de juros e a expectativa de retorno do dinheiro emprestado possam ser mantidas em zero ou próximo de zero. Qualquer taxa de juro significativamente acima de zero derrubará o sistema. Assim sendo, não esperem aumentos da taxa de juros, exceto como estratégia de emergência, no curto prazo, para conter uma queda na taxa de câmbio de uma moeda.

Necessidade é a mãe da invenção, e a necessidade de enfrentar a dívida-monstro e riscos financeiros sem cobertura nos levou à inventar a Teoria Monetária Moderna.

Acrescentem a isso a nova regra do “resgate de bancos”, a regra segundo a qual os depósitos bancárias passaram a ser definidos como parte do capital do banco, e que a bolsa dos depositantes deve suprir o que os bancos percam. Esse é o lado dívida pública da estratégia. Para quem tenha grandes somas de moeda e queira continuar a especular, há os mercados de ações e commodities; e o cassino está aberto para apostas nos “derivativos”.

Para acomodar os especuladores, já houve vários “arranjos”: Wall Street foi blindada e não pode ser processada criminalmente por fraude; a lei Glass Steagall foi rejeitada; acordaram a lei Dodd Frank; a lei Volkerpode-se agora usar dinheiro público para ‘resgatar’ as perdas que Wall Street sofreu em 2008; e há instruções claras para que se use dinheiro público para cobrir perdas que Wall Street venha a sofrer em futuras apostas em derivativos:tudo isso está na “Lei CRomnibus” [orig. CRomnibus bill – combinação de Continuing Resolution (resolução continuada) com “lei-guarda-chuva” de gastos que inclui dúzias de agências federais, aprovada nos EUA, dia 13/12].



Notas dos tradutores

[1] ZIRP [Zero Interest Rate Policy, “Política de Juros Zero”] é a política oficial do Fed-EUA, e assim é desde a Grande Crise Financeira de 2008.

[2] NIRP [Negative Interest Rate Policy, “Política de Taxas Negativas de Juros”] é tão nova que ainda nem tem página na Wikipedia. Talvez seja o caso de inaugurarmos uma? Se não fizermos, outros fazem. Essa Política de Taxas Negativas de Juros chegou para ficar. É quando você paga juros ao banco ou a algum outro “emprestador”, como o governo, pelo privilégio de deixar que eles guardem o seu [meu, teu, de-você, não deles] dinheiro.

[*] Tyler Durden é o apelido de numerosos blogueiros que comentam no Zero Hedge. O nome foi copiado de personagem do romance de Chuck Palahniuk (depois filme) Fight Club (Clube de Luta).

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