sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O dilema do “ocidente” depois da derrota em Debaltsevo: O que fazer de Poroshenko?


18/2/2015, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Apesar de todos termos dado o melhor de Nós  do valente combate das forças militares e navais, da diligência e da assiduidade de Nossos funcionários públicos, e do devotado serviço de Nossos cem milhões de cidadãos  a situação da guerra desenvolveu-se não necessariamente para benefício do Japão.
(Imperador Hirohito reconhecendo a derrota do Japão)

Petro "Chocolatshenko"
O presidente fantoche da Ucrânia, Petro Poroshenko deveria fazer discurso semelhante. Não há dúvida alguma de que a situação da guerra na Ucrânia desenvolveu-se não necessariamente para benefício de seu governo. Mas Poroshenko fez discurso (veja abaixo) muito mais delirante, muito mais sem-noção que a fala−cortina de Hirohito.

Há seis dias, vários milhares de soldados do governo ucraniano foram cercados no bolsão de Debaltsevo. A única estrada em direção a linhas amigas foi minada e ficou sob fogo direto e indireto da oposição. Houve várias tentativas para escapar do cerco, pelos que estavam dentro, e de invadir o cerco, por soldados ukies que estavam fora; todas foram derrotadas, com altas perdas de vida e materiais.

Desde ontem, e depois de vários dias de preparação, as tropas das Repúblicas Populares de Donestk e Lugansk, atacam ininterruptamente a cidade. Anunciaram que cerca de 3 mil soldados de Kiev foram mortos e cerca de mil renderam-se e foram presos. Vídeo a seguir:


Umas poucas centenas escaparam a pé durante a noite e hoje cedo chegaram a Artemivsk, controlada pelo governo, a cerca de 30km ao norte de Debaltsevo. Outros fugiram para o sul, para longe das próprias linhas, penetrando no caldeirão. Logo serão capturados. Quantidades enormes de armas e munição foram deixadas para trás, entregues aos federalistas. Repórteres em Artemivsk viram chegar 40-50 mortos e 200 feridos. Foram feridos e mortos, disseram os repórteres, durante a fuga sob fogo, não antes, em combates em Debaltsevo. Os que escaparam vivos dizem que foram abandonados por Kiev, entregues à própria sorte e reclamam dos superiores.

reunião chamada “Minsk-2” foi arranjada em ritmo de emergência pela chanceler alemã Merkel, quando a situação em torno de Debaltsevo já estava gravemente deteriorada. Mas durante as negociações em Minsk, Poroshenko sempre repetiu que não havia cerco, nem bolsão, nem caldeirão, e que suas tropas tinham perfeito controle da situação. O presidente francês tentou explicar-lhe a real situação em campo, mas nada conseguiu.

Acertou-se um cessar-fogo, mas os protocolos não fizeram qualquer referência direta à situação em Debaltsevo. Os federalistas, bem razoavelmente, concluíram que o bolsão estava dentro de suas linhas reconhecidas e poderia ser eliminado sem romper as linhas gerais acertadas para o cessar-fogo. Ao longo dos últimos dias, nada se ouviu, de protesto do “ocidente” sobre esse movimento. Haveria aí um “de acordo” silencioso, para induzir Poroshenko a mastigar a própria gravata, como Saakashvili mastigou? (O mesmo Saakashvili que é agora conselheiro pessoal de Poroshenko). Vídeo a seguir:


O que acima se lê/vê é a realidade.

Na página do governo da Ucrânia, leem-se os delírios de Poroshenko, em discurso hoje. Vídeo a seguir:


I can inform now that this morning the Armed Forces of Ukraine together with the National Guard completed the operation on the planned and organized withdrawal of a part of units from Debaltseve. We can say that 80% of troops have been already withdrawn. We are waiting for two more columns. Warriors of the 128th brigade, parts of units of the 30th brigade, the rest of the 25th and the 40th battalions, Special Forces, the National Guard and the police have already left the area.
...
We were asserting and proved: Debaltseve was under our control, there was no encirclement, and our troops left the area in a planned and organized manner with all the heavy weaponry: tanks, APCs, self-propelled artillery and vehicles.
...
It is a strong evidence of combat readiness of the Armed Forces and efficiency of the military command. I can say that despite tough artillery and MLRS shelling, according to the recent data, we have 30 wounded out of more than 2,000 warriors.

( O pessoal da Vila Vudu se recusou a traduzir o BESTEIROL do “Chokolatshenko”)

Não há muitos “jornalistas ocidentais” em Debaltsevo, mas em breve começarão a aparecer relatos sobre a verdade das baixas do exército ucraniano naqueles combates. Será muito difícil esconder tudo.

Então será, também, muito difícil para o “ocidente” continuar a trabalhar com Poroshenko. Já se viu claramente demais que o homem está absolutamente descolado da realidade. Não será possível, daqui em diante, continuar a impô-lo à opinião pública como portador da verdade, cavaleiro galante do bem, em luta contra as obscuras forças putinescas russas.

O que farão o “ocidente”, Obama e seu neoconservadorizado Departamento de Estado?! Como reagirão?! Será que organizarão imediato golpe contra Poroshenko? Ou terão outros meios para se livrarem de fantoches já sem serventia? Ou para salvar a situação?


[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ver/ouvir versão em performance de David Johansen com legendas em português.

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