domingo, 8 de fevereiro de 2015

União Europeia deve ficar atenta à armadilha de Washington para a Ucrânia

Fala a (sábia!) China...

8/2/2015, Li LiXinhua.net, Pequim, China
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Putin recebe Merkel e Hollande no Kremlin em 6/2/2015
Ainda com as duras críticas que fez à proposta dos EUA de fornecer armas à Ucrânia a soar nos ouvidos, a chanceler alemã viaja a Washington amanhã, 2ª-feira (9/2/2015), para uma viagem que muito provavelmente será carregada de amargura e embaraços.

A rápida e surpreendente visita que fez a Moscou na 6ª-feira (6/2/2015), com o presidente francês François Hollande, expôs uma fissura no alinhamento das potências ocidentais na oposição à Rússia, em torno da questão da Ucrânia.

A União Europeia (UE) deve firmar posição. A busca de contato com a Rússia para construir solução pacífica para a crise na Ucrânia é o caminho correto a seguir. A ideia de Washington de armar a Ucrânia é só contraproducente e perigosa.

Como disse Merkel, ao admitir que as negociações com os russos foram duríssimas, a proposta dos EUA não levará “ao progresso de que a Ucrânia carece”, e é como disparar um ciclo vicioso no país do leste europeu que eventualmente ameaça a segurança regional e, mesmo, toda a estabilidade global.

De fato, há boas razões para que a União Europeia – e a Rússia – mantenham-se em alerta contra a agenda oculta de Washington, por mais que essa atitude tenha provocado acusações dos EUA de que a UE estaria dando as costas a um aliado.

Dificilmente seria coincidência que os poucos esforços para encontrar solução pacífica para a crise, como os acordos de Minsk e o diálogo da Normandia, não tenham contado com a participação nem com o apoio dos EUA.

Se persistir a crise na Ucrânia e se deteriorar, e se eclodir um novo round de “Guerra Fria” como temem alguns, os EUA serão os únicos a lucrar – e o resto do mundo estará condenado a perder.

Revista satírica Puck, EUA, 1902
Para começar, é altamente improvável que as chamas que incendeiam e devoram a Ucrânia cruzem o Oceano Atlântico e alcancem o território dos EUA. Mas é altamente provável que se alastrem pelos países da União Europeia e pela Rússia, se não forem controladas.

Essa é a razão pela qual Washington pode expor-se ao risco temerário de oferecer armamento letal para uma Ucrânia já devastada pela guerra, onde a violência já matou milhares de pessoas, mas outros países, cujos interesses estão diretamente em jogo, como a União Europeia e a Rússia, não podem.

Além disso, ao jogar gasolina sobre as chamas da guerra, Washington pode reforçar seu papel no comando da segurança de toda a Europa e, possivelmente, conseguirá dar novo alento à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança militar liderada pelos EUA, cujo glamour decai a olhos vistos.

Mas os EUA parecem ter esquecido que os tempos mudaram. Hoje, o tema principal é paz e desenvolvimento, não mais guerra e confrontação.

Será atitude extremamente imprudente se a União Europeia, que já criou fortes laços econômicos com a Rússia, puser em risco o próprio futuro e alinhar-se com Washington, apenas para servir o interesse dos EUA, à custa do interesse da própria União Europeia.

Quanto à crise ucraniana, a tarefa mais imperativa no momento é pôr fim imediato a toda a violência e retomar o diálogo pacífico entre o governo e os insurgentes que querem ser independentes do governo de Kiev.

E toda a comunidade internacional deve colher todas as oportunidades que surjam para desempenhar papel construtivo e encontrar solução imediata para a crise, em vez de insistir em atitudes autistas, que visam exclusivamente a complicar e a prolongar o conflito. 

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